O sinal que chega em sua TV, seu celular ou a Internet que conecta ao
seu computador são emitidos por ondas de satélites que orbitam a Terra,
certo? Não é bem assim.
De fato há comunicação de sinais via satélite, mas isso representa
apenas 1% de toda a comunicação global. O que realmente conecta todo o
planeta são os cabos submarinos, que cruzam todos os oceanos e conduzem
99% de todas as informações trocadas internacionalmente.
Rede internacional de cabos: como funciona?
Esta enorme teia é composta de mais de 350 enormes fios de fibra
ótica. Enormes do ponto de vista de seu comprimento: juntos, somam mais
de 885 mil quilómetros, equivalente a 22 voltas no globo terrestre. O
maior deles liga a Alemanha até a Coreia do Sul, uma conexão de 38,6 mil quilómetros e 39 paradas. No site Submarine Cable Map você pode ver todos eles.
Em relação a espessura dos cabos, há diferentes gradações. Quanto
mais fundo o cabo de instala no oceano, mais fino ele é, isto porque em
superfícies mais rasas há mais risco de ataques de animais como tubarões
ou barcos de pesca - os fios mais grossos podem ter a espessura de uma
lata de refrigerante. No oceano, os cabos podem chegar a incríveis 8 mil
metros abaixo do nível do mar.
Compõem os cabos até sete camadas de proteção, que rodeiam a fibra
ótica. Entre os elementos, há o tecido mylar (usado em roupas de
astronautas), aço, polietileno, alumínio, poli carbonato, cobre e até
pasta de petróleo.
Cabos x satélites
O motivo para que os cabos submarinos sejam a principal
forma de comunicação é simples: são mais baratos e mais eficientes. De
acordo com informações da NEC Corporation,
que opera algumas conexões, estes cabos podem transmitir 3,48 giga bits
de informações por segundo - equivalente a 102 mídias de DVD. Os
satélites não são capazes de transmitir sequer um único DVD a cada
segundo.
Outros
fatores são geográficos. Embora haja riscos pequenos de acidentes com
animais marinhos, os cabos são muito menos sujeitos a ações da natureza,
como tornados, tempestades etc. Além disso, os cabos encurtam
distâncias: a NEC informa que entre Los Angeles e Tóquio, é preciso 9
mil quilómetros de cabeamento; se o sinal fosse enviado a um satélite e
redirecionado à Terra, atravessaria 72 mil quilómetros, oito vezes mais.
Conexões são antigas
Os cabos submarinos são anteriores inclusive à tecnologia
dos telefones. Em 1858, quando a primeira conexão uniu a Irlanda e a
Ilha Newfoundland, no Canadá, o principal meio de comunicação era o
telégrafo. A primeira mensagem foi um recado da Rainha Vitória, do Reino
Unido, para o presidente dos Estados Unidos, James Buchanan. Durou
apenas um mês - a transmissão gastava mais energia do que o previsto.
A partir do Reino Unido, então a principal potência económica do mundo, novos cabos foram instalados para se conectarem com a
América e com colónias asiáticas, como a Índia. Somente nos anos 1940
que os cabos submarinos começaram a ter como principal finalidade a
conexão telefónica.
Tecnologia desenvolvida nos anos 1960, a fibra ótica
começa a revolucionar as telecomunicações na década de 1980, quando os
cabos são trocados por este material. A qualidade e a rapidez das
transmissões aumentaram constantemente até como as vemos hoje.
Conexões brasileiras: de Fortaleza e Praia Grande
Hoje, o Brasil tem nove canais que o conectam primeiro com a
América do Norte e um que liga diretamente o país à Europa - todos eles
saem de Fortaleza, capital do Ceará. Mas, dentro de dois anos, o país
terá um novo mega cabo.
Para estreitar relações diretas com países europeus, sem o
intermédio dos Estados Unidos (99% da conexão brasileira com o mundo
passa pelos norte-americanos), será construído o cabo Ellalink, projeto
que une o Brasil a Europa por meio de Portugal e Espanha. Será, de
longe, o de maior capacidade no país: atingirá 72 terabits por segundo,
sete vezes mais do que a informação que toda a América Latina transmite
atualmente.
O cabeamento terá início na cidade de Praia Grande (SP),
seguirá até Fortaleza onde começa seu trajeto transatlântico até Sines,
em Portugal. É um projeto conjunto da estatal brasileira Telebras e da
companhia espanhola Isla Link, cujo custo previsto é de US$ 206 milhões
(ou aproximadamente R$ 680 milhões).
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