O histórico avião "Landshut", da Lufthansa, que foi palco de um
dos mais graves episódios do terrorismo na Alemanha nos anos 70, estava
no Brasil e foi transportado dentro de um avião russo.
No dia 13 de outubro de 1973, 30 minutos depois de levantar voo de Palma
de Maiorca em direção a Frankfurt, quatro homens armados com pistolas e
granadas desviaram o Boeing 737-200 para a península árabe, numa
atribulada viagem que teve cinco aterragens em cinco cidades diferentes
para obter combustível. O destino final foi Mogadíscio, na Somália e, a
bordo, seguiam 91 pessoas.
O ataque pirata, levado a cabo por palestinianos ligados a um grupo
terrorista da extrema-esquerda alemã, a RAF, pretendia forçar o Estado
da Alemanha a libertar 10 membros deste gangue radical presos em
Estugarda e dois palestinianos detidos na Turquia. Exigiam ainda 15
milhões de dólares.
A RAF tinha já sido responsável por raptos e outros atentados nesses
anos de medo no país, que ficaram conhecidos como o "Outono Alemão". O
grupo extremista ficou ligado ao assassínio de um procurador-geral
alemão e e ao rapto e homicídio de empresários e bancários de relevo.
Durante o ataque ao avião, o capitão do "Landshut" foi assassinado.
Mas o governo não cedeu às pretensões dos terroristas e tudo terminou
cinco dias depois, com uma ação das GSG-9 , as forças especiais da
polícia alemã, que conseguiram libertar os reféns, ferindo apenas
quatro. Na operação morreram três dos terroristas.
O "Landshut" voltou ao serviço semanas
depois e, em 1985, foi vendido à TAF, companhia aérea do Brasil. Deixou
de voar em 2008 e ficou, até esta semana, estacionado no aeroporto de
Fortaleza.
Agora, quarenta anos depois
do ataque, o "Landshut" regressou à Alemanha. As operações de
desmantelamento e transporte começaram em meados de setembro e, esta
semana, chegou ao território alemão dentro de um avião de carga
ucraniano Antonov AN 124. Vai ficar exposto num museu.
A "libertação do 'Landshut' ficou, até aos dias de hoje, como um símbolo
de uma sociedade livre, que não pode ser derrotada pelo medo e pelo
terror", declarou Sigmar Gabriel, ministro dos Negócios Estrangeiros
alemão, depois do Boeing aterrar.