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terça-feira, 4 de junho de 2019

O gigantesco 'mar de lixo' no Caribe com plástico, animais mortos e até corpos



Lixo acumulado no Mar do Caribe
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Imagens da 'ilha de lixo' no Mar do Caribe viralizaram recentemente | Foto: Cortesia de Caroline Power


Latas, potes, talheres de plástico, roupas velhas, seringas e até animais mortos...

Essa é a cena típica de qualquer lixeira. Mas esta não uma lixeira qualquer.

Trata-se de uma ilha de lixo que flutua no Mar do Caribe, entre as costas de Honduras e Guatemala, um camada de objetos descartados que periodicamente chega às praias e que, ultimamente, tornou-se uma fonte de tensão nas relações bilaterais entre os dois países.

Embora não seja um fenômeno novo, ele é desconhecido de grande parte da comunidade internacional. Até por isso, as imagens do "mar de lixo" no norte de Honduras viralizaram nas redes sociais nas últimas semanas.

A fotógrafa britânica Caroline Power publicou várias fotos que mostravam as águas próximas à ilha turística de Roatán, cobertas de uma massa de detritos de todos os tipos.
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Homem mergulha em mar de lixo
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Os governos da Guatemala e de Honduras fizeram uma reunião para tentar resolver o problema | Foto: Cortesia de Caroline Power

Após a publicação das fotos e a chegada do lixo flutuante em vários municípios da costa norte hondurenha, ambos os governos realizaram uma reunião para discutir possíveis soluções para o imbróglio que se estende há mais de três anos, de acordo com as autoridades locais.

Mas as conversas ficaram mais tensas em um ponto fundamental: quem é o principal responsável pelos derramamentos?

De um lado, Honduras acusa seu vizinho de causar a poluição que atinge as praias de Omoa, Puerto Cortés e as Ilhas da Baía. Do outro, a Guatemala diz que é o país vizinho que derrama o lixo que o afeta.

Após as reuniões bilaterais, o governo de Tegucigalpa deu a seu vizinho guatemalteco cinco semanas para controlar os vazamentos.

Caso contrário, dizem, eles recorrerão a organizações e tratados internacionais.


Imagens mostram um gigantesco mar de lixo no Caribe, entre as costas de Honduras e Guatemala


Os efeitos

Carlos Fonseca vive há 60 anos na comunidade de Travesía, no município de Puerto Cortés, no norte de Honduras, e diz que há alguns anos passou a ser rotina limpar o lixo que chega à sua casa.

"Nas estações chuvosas, limpamos logo cedo e à tarde está cheio de lixo de novo, como se não tivéssemos feito nada. São pilhas e pilhas de lixo por todos os lados", conta à BBC Mundo.

Fonseca diz que são os vizinhos que, na maioria dos casos, são encarregados de limpar o lixo que chega à praia, ante a passividade das autoridades municipais.


Image captionMateriais de plástico se acumulam em 'ilha de lixo' próximos à Roatán, ilha turística de Honduras | Foto: Cortesia de Caroline Power

"É uma situação infeliz, porque é lixo, traz doenças. Não sei se é daqui ou da Guatemala, mas para a gente é um pesadelo", diz ele.

José Antonio Galdames, ministro dos Recursos Naturais e Meio Ambiente de Honduras, disse à BBC que o problema do lixo que chega ao país está se tornando "insustentável" não só para o município de Omoa, um dos mais afetados, mas também para algumas ilhas e praias que constituem alguns dos principais destinos turísticos da nação centro-americana.

Na opinião do ministro, a presença de detritos flutuantes tem um impacto negativo em quatro dimensões básicas, pois gera danos ambientais, ecológicos, econômicos e de saúde.

"As pessoas não querem ir à praia porque têm medo da contaminação. Não é bom se deitar em uma areia onde você coloca suas costas e há uma agulha embaixo, ou você entra na água e fica com medo de encontrar algo contaminado", afirma.

Image captionOs governos de Honduras e Guatemala fizeram acusações mútuas sobre a origem do lixo | Foto: Cortesia de Caroline Power

Ian Drysdale, engenheiro ambiental que coordena uma iniciativa para a proteção do Sistema Arrecifal Mesoamericano, garante que essa barreira de coral, a segunda maior do mundo, é uma das principais afetadas pelo lixo.

"Devido aos movimentos das correntes marinhas, isso pode ter um impacto negativo em toda a barreira, tanto na parte que pertence a Honduras quanto na que pertence à Guatemala. Eu já encontrei lixo diversas vezes na região dos recifes de coral", conta à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
Atrás do 'culpado'

Mas de onde vem tanto lixo?

Galdames diz que por trás da poluição atual está o lixo que arrasa o rio Motagua, que atravessa a maior parte da Guatemala e desemboca em Honduras.

"A maior parte da bacia do Motagua está no lado guatemalteco. Dos 95 municípios que estão ao longo do rio, 27 estão despejando resíduos sólidos. Nós temos apenas 3 municípios que fazem fronteira com o rio. Por isso, 86% das descargas provêm deles", diz o ministro hondurenho.

Image captionAutoridades dizem que a 'ilha de lixo' causa uma série de problemas ambientais, ecológicos, econômicos e de saúde | Foto: Cortesia de Caroline Power

Ele acrescenta que, quando as autoridades de seu ministério realizam inspeções, geralmente encontram objetos escritos "Made in Guatemala".

Mas isso, afirma, não é o pior.

"Estamos recebendo roupas, plástico, lixo hospitalar, objetos manchados com sangue, agulhas, seringas, animais e até mesmo corpos humanos", diz.

A versão do ministro indica que, na ausência de aterros na maioria dessas comunidades na Guatemala, na época de chuvas, a água drena o lixo para o rio, que o leva ao mar e depois, pelo movimento das correntes marinhas, se move para alguns municípios e ilhas de Honduras.

Rafael Maldonado, do Centro de Ação Jurídica Ambiental e Social da Guatemala, apoia essa teoria e acrescenta que, por trás dessa situação, há políticas equivocadas de sucessivos governos do país.

"A responsabilidade por este conflito do lixo é do governo guatemalteco, que durante anos evitou tomar medidas para evitar novos despejos nos rios", diz ele.

De acordo com o especialista, para evitar o investimento público milionário para criar um sistema capaz de evitar que o lixo termine nos rios, as autoridades da Guatemala adiam desde 2006 um regulamento para evitar a contaminação do Caribe.

"O que está acontecendo em Honduras é o resultado de uma má gestão ambiental na Guatemala. Honduras está recebendo o lixo de grande parte da Guatemala, incluindo a capital, que despeja seu lixo no rio Motagua e o leva para o mar. Isso acontece há anos e os governos não deram qualquer importância para não ter que fazer o investimento necessário", diz ele.

Image captionApós as reuniões bilaterais, o governo de Tegucigalpa deu a seu vizinho guatemalteco cinco semanas para controlar os vazamentos | Foto: Cortesia de Caroline Power

No entanto, o Ministro do Meio Ambiente da Guatemala, Sydney Alexander Samuels, considera que seu país está tomando as medidas necessárias para controlar os despejos no Caribe e garante que os rios hondurenhos são os principais responsáveis ​​pela atual situação.

"As acusações só levam em conta a parte da Guatemala. Eles também devem considerar o que estão fazendo. Eles têm um rio lá, o Chamelecón, que é praticamente um esgoto de Puerto Cortés e San Pedro Sula. A maior parte do lixo que chegou a Roatán é de Honduras", disse ele à BBC Mundo.

Samuels sustenta que seu governo nunca recebeu informações sobre a citada descoberta de corpos humanos entre no lixo transportado pelo rio.

"Eu nunca ouvi falar de cadáveres humanos lá. Se for esse o caso, teria que ser investigado de onde eles vieram. Eu não tinha ouvido isso", diz ele.

"Sim, nós contaminamos o Mar do Caribe através do rio Motagua. Mas eu esclareço que não é só o Motagua, mas também Chamelecón e Ulúa (dois rios de Honduras), e também asseguro que no próximo ano já não estaremos transportando lixo para esse mar, pois teremos toda a infraestrutura para que isso não aconteça", afirma.

O engenheiro ambiental consultado pela BBC, por outro lado, também acredita que Honduras tem responsabilidade no atual "mar de lixo".

"Há muitas comunidades em Honduras que não tem nem sequer um caminhão para coletar o lixo. A gente despeja o lixo nos rios e mais de 80% dos rios hondurenhos fluem para o Mar do Caribe. Esse costume de culpar o outro pela sua responsabilidade é muito comum. Acho que o problema do lixo é de todos", diz ele.

Image captionO lixo flutuante chega a várias localidades da costa norte do Caribe | Foto: Cortesia de Caroline Power

Pressões e soluções

Além da disputa em torno das responsabilidades, outro tema que gera polêmica entre os dois países são as possíveis soluções para essa situação.

O ministro do Meio Ambiente de Honduras, embora não queira ignorar o trabalho do país vizinho para conter o despejo, questiona que as propostas da Guatemala estão orientadas "a médio e longo prazo".

"Eles estão falando sobre as soluções que entrarão em vigor em 2018. Mas nós pedimos para que eles tomem medidas imediatas: limpar os rios, limpar as praias, parar de jogar o lixo nos rios e fechar os despejos clandestinos. E que estabeleçam um sistema de alerta precoce para que possamos estar preparados para saber que o lixo chegará", diz ele.

"Não estamos à procura de problemas, não estamos à procura de ações judiciais. Estamos procurando responsabilidades comuns, mas diferenciadas, esse é o princípio. Se você tiver responsabilidade em 86% dessa bacia, deve ser sua responsabilidade procurar uma solução", acrescenta.

Galdames afirma que, se ele não receber uma resposta positiva até o final de Novembro, seu país tomará medidas antes das organizações internacionais.

Image captionAlém da disputa de responsabilidades, outro tema que gera polêmica entre os dois países são as possíveis soluções para essa situação | Foto: Cortesia de Caroline Power

"Se eles não fizerem nada em cinco semanas, nos reservamos o direito de proceder de acordo com o estabelecido nos acordos internacionais que existem em águas marítimas, áreas de fronteira compartilhada e todos os acordos internacionais relacionados à proteção da diversidade biológica", diz.

Mas do lado guatemalteco, medidas imediatas não são contempladas.

"Eu acredito que não há moral aqui para estar falando sobre isso que eles vão processar a Guatemala ou que eles querem compensação, como eles tentaram mencionar, porque eu acredito que os rios deles são os que estão despejando. Nós já estamos agindo e vamos resolver esse problema até agosto do ano que vem. Não sei o que Honduras está fazendo. Honduras não está fazendo absolutamente nada", disse o ministro Samuels.

Image captionGuatemala diz que vai controlar o despejo de lixo no mar do Caribe a partir do próximo ano | Foto: Cortesia de Caroline Power

"Com que moral eles vêm nos dizer que querem medidas de curto prazo. O que eles querem? Concretamente, não há respostas. O curto prazo é agosto de 2018. Eles não têm nada, nem curto, nem médio, nem longo ou qualquer coisa. Essa é a questão que precisa ser esclarecida", acrescenta.

Mas enquanto o fim da disputa sobre o despejo de lixo entre os dois países ainda é incerto e se contemplam soluções a nível governamental, um rio silencioso de lixo flutuante continua a chegar às praias de Honduras.

"Agora, chegou uma frente fria e isso vai trazer mais chuva. E sabemos que quando chove a praia fica cheia de lixo. É assim há anos", diz Carlos Fonseca, da comunidade de Travesía.




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segunda-feira, 3 de junho de 2019

Facebook quer lançar moeda digital. Já falou com o regulador






















A maior rede social do mundo está a levar a sério os planos para lançar uma “criptomoeda” que permita aos utilizadores fazerem pagamentos entre si e comprarem produtos nas principais aplicações do grupo, incluindo o WhatsApp e o Instagram. Para tal, já iniciou conversações com o regulador norte-americano.

O presidente da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês) confirmou estar em “conversações muito preliminares” com responsáveis do Facebook sobre a ideia de lançar uma moeda digital, adianta o Financial Times (acesso pago, conteúdo em inglês).

O plano de Mark Zuckerberg deverá ser o de lançar uma stablecoin, que é uma criptomoeda cujo valor está intrinsecamente ligado ao valor de uma divisa real, como o dólar. A ligação desta moeda, cujo nome poderá ser GlobalCoin, a instrumentos financeiros como futuros torna necessária a colaboração com a CFTC.

Para além desta comissão, o Facebook tem também contactado com outras autoridades, como bancos centrais, para perceber como poderá avançar com este projeto. Isto porque a maioria das autoridades do setor ainda não delineou as regulações concretas para este tipo de moeda.




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quarta-feira, 22 de maio de 2019

Portugal está a tornar-se na nova Miami para a "nata" brasileira


























A expansão do mercado imobiliário e os incentivos fiscais estão a atrair um número crescente de brasileiros de rendimentos elevados para Portugal. A qualidade de vida e segurança, a dinâmica do país, mas também a possibilidade de fazer “um bom negócio” estão a motivar grandes investidores a atravessar o Atlântico. Os mercados de Lisboa e Porto são os preferidos para investir.

O empresário brasileiro Ricardo Bellino morou durante mais de uma década em Miami (EUA), mas decidiu mudar-se de armas e bagagens para Portugal. O multimilionário de 53 anos, que construiu fortuna em áreas como agência de modelos, comprou um imóvel no ano passado num resort exclusivo, localizado numa serra nos arredores de Lisboa, onde está a planear os seus próximos empreendimentos, conta a Bloomberg. Irá beneficiar de imposto de rendimento fixo de 20% e poderá ter direito a uma reforma isenta de impostos quando se aposentar.

"Foi uma oportunidade de viver num paraíso fiscal que não é uma ilha no Caribe", diz Bellino, citado pela publicação norte-americana. "Estamos na Europa, num país que passou por um renascimento nos últimos anos”, acrescentou.

Durante largas décadas os brasileiros mais abastados preferiam Miami, considerada uma cidade jovem e moderna, e que contrastava com um Portugal mais melancólico. Mas o cenário mudou, e o país está a tornar-se na “nova Miami”.


Brasileiros investem “em força”

Os investidores brasileiros estão a chegar e a “avançar depressa” no mercado. Os franceses lideraram as compras de imóveis em Portugal em 2017, respondendo por 29% do investimento em imóveis por estrangeiros, segundo a Associação de Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP). Os brasileiros ficaram em segundo, com uma parcela de 19% do investimento estrangeiro total, seguidos pelos britânicos, com 11%, e por chineses, com 9%, como o idealista/news noticiou.

“Há cerca de três anos que tenho chamado a atenção para o potencial que o investidor brasileiro representa para o imobiliário nacional, que se acentuou não só com a instabilidade política, social e económica que o Brasil atravessa, mas também com a eleição de Donald Trump nos EUA, que fez com que muitos brasileiros que haviaminvestido na Flórida, como é tradicional, procurassem alternativas seguras, como o imobiliário português”, dizia nessa altura Luís Lima, presidente da APEMIP.

O responsável explica agora que “estes brasileiros são completamente diferentes daqueles que vieram para Portugal no passado". "Pertencem a uma classe social mais elevada” e "estão a comprar casas em todo o lado", disse, citado pela Bloomberg.




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terça-feira, 21 de maio de 2019

Niki Lauda, lenda austríaca da Fórmula 1, morre aos 70 anos

























A atitude mais comum de Niki Lauda durante os seus 70 anos de vida foi teimar. O austríaco, lenda da Fórmula 1, morreu nesta segunda-feira. Foi assim desde jovem, quando rompeu com a família para ser piloto. Já mais maduro, desafiou os prognósticos dos médicos e voltou às pistas seis semanas depois de um grave acidente. O austríaco enfrentou ainda dois transplantes de rim e um de pulmão, duas dissoluções de empresas, ganhou o campeonato mais disputado da história e virou tema de filme.

A biografia movimentada de Lauda começou e terminou em Viena. Da pacata capital austríaca saiu um rapaz dentuço, franzino e mau humorado, mas que mudaria a história da Fórmula 1. A categoria cresceu em interesse televisivo mundial em 1976 graças às disputas de Lauda com o inglês James Hunt. A rivalidade entre ambos foi o ponto de partida para as transmissões das corridas se transformarem em grandes atrações. 

"Com profunda tristeza, anunciamos que nosso amado Niki morreu pacificamente com sua família na segunda-feira, 20 de maio de 2019. Suas realizações únicas como atleta e empreendedor são e permanecerão inesquecíveis; seu incansável entusiasmo pela ação, sua franqueza e sua coragem permanecem um modelo e uma referência para todos nós. Era um marido amoroso e atencioso, pai e avô longe do público, que sentirá sua falta", informou a família em um comunicado nesta segunda-feira.

Nos últimos anos, ele vinha exercendo a função de presidente de honra da equipe Mercedes, que vem dominando a F-1 nos últimos anos. Lauda atuava quase como um conselheiro de luxo, próximo ao chefe de equipe Toto Wolff e aos pilotos, o inglês Lewis Hamilton e o finlandês Valtteri Bottas.
LENDA

Bem antes da fama e do reconhecimento, o jovem Andreas Nikolaus Lauda teve de derrotar a família. O futuro herdeiro de um avô investidor financeiro havia sido preparado para assumir os negócios. A vontade, porém, era outra. Ao decidir que seria piloto, causou a ira familiar e ouviu que não receberia um centavo para ajudar na carreira.

Lauda sempre foi teimoso e não teve medo. Pediu empréstimo para um banco para conseguir arcar as despesas nos primeiros anos de carreira e confiou que os com os bons resultados logo conseguiria devolver o valor. Deu certo. Aos 22 anos ele ganhou chance na Fórmula 1, onde o estilo detalhista no acerto dos carros e o estilo "careta" lhe ajudaram a conseguir resultados.

Em uma época em que ser piloto era sinônimo de festas, mulheres e badalação, o austríaco era o oposto. Lauda era sisudo, avesso à vida social e consolidou de vez a carreira em 1975. No cockpit da Ferrari, ganhou cinco provas e foi campeão do mundo aos 26 anos. No ano seguinte ele precisaria voltar a ser teimoso não para continuar a carreira, mas para seguir vivo.



A temporada de 1976 é mais lendária da história da Fórmula 1. O atual campeão Lauda viu surgir como adversário o inglês Hunt, da McLaren. O desafiante era ao contrário do austríaco: boêmio, fumante inveterado e conquistador de mulheres a ponto de transar com fãs no fundo dos boxes, o piloto contrastava com o austríaco em quase todos os aspectos.

O campeonato estava favorável a Lauda quando no chuvoso GP da Alemanha, em Nurburgring, a história mudou. O piloto perdeu o controle da Ferrari e bateu. O carro estava em chamas no meio da pista quando foi atingido por outro competidor. O impacto do segundo choque fez o capacete do austríaco voar para longe. A cabeça e o corpo dele ficaram expostos durante quase um minuto às chamas e à fumaça tóxica.

Lauda abriu os olhos dias depois, no hospital. Ele já havia recebido a extrema-unção de um padre, passado por dezenas de cirurgias e superado expectativas médicas apenas por estar vivo. Teimoso, como sempre, o austríaco encarou dezenas de torturantes sessões de limpeza respiratória. Os enfermeiros introduziam pela boca do piloto um tubo de ferro, que avançava pela garganta e esôfago até chegar aos pulmões, para sugar a fumaça ainda presa no órgão.



A situação de risco não lhe tirou das pistas. Seis semanas depois do acidente, Lauda desafiou o medo e estava de volta para o GP da Itália com o rosto enfaixado e aparência modificada. Séries de cirurgia e enxertos de pele na cabeça mudaram a face do austríaco, que perdeu o campeonato por apenas um ponto. Hunt se aproveitou do acidente do rival para pontuar e ser campeão. A épica temporada inspirou até o cinema. O filme Rush foi lançado em 2013.

Uma nova chance se abriria para Lauda no ano seguinte em 1977, quando foi campeão novamente. Após temporadas regulares em 1978 e 1979, ele decidiu de se aposentar. O adeus não durou muito tempo e dois anos depois, lá estava o austríaco de volta às pistas. Ele ainda teve a chance de se despedir com título, em 1984, no campeonato mais disputado da história. O austríaco foi campeão com apenas 0,5 ponto de vantagem sobre Alain Prost.

As participações derradeiras de Lauda na Fórmula 1 coincidiram com o início dele na aviação. O piloto comprou aeronaves e fundou duas companhias: Lauda Air e Niki. Ambas já fecharam as portas. O maior problema veio em 1991, quando um dos seus aviões caiu na Tailândia e causou a morte de 223 pessoas.

O persistente austríaco jamais se afastou da Fórmula 1. Foi dirigente da Ferrari, da Jaguar e por último, da Mercedes. Era presente constante nas corridas e comentarista de canais de televisão. Sempre caminhava pelo paddock com um boné vermelho, para esconder as cicatrizes na cabeça resultado do acidente de 1976.

A saúde, porém, continuou foi frágil. Lauda passou por dois transplantes de rim. No último deles, há dez anos, ganhou o órgão da esposa, Birgit Wetzinger, antiga comissária de voo de uma das suas companhias aéreas. Os problemas não tiraram do ex-piloto a vontade de viajar pelo mundo junto com a Fórmula 1. A cada etapa ele estava lá, nos boxes da Mercedes, a principal potência atual da categoria.

Lauda com a esposa, Birgit, que lhe doou um rim para transplante em 2008





















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Prefeito francês vai distribuir Viagra para estimular fertilidade






















O prefeito Jean Debouzy tomou a decisão para estimular os moradores da cidade francesa de Montereau, de 600 habitantes, no centro do país, a terem filhos.

De acordo com o decreto publicado pela prefeitura do município, “o prefeito é favorável à distribuição das 'pequenas pílulas azuis', que serão disponibilizadas aos casais entre 18 e 40 anos para que tenham todas as possibilidades de conceber e preservar a escola de duas cidades.” A solução é “bem-humorada”, admite o prefeito, mas tem um motivo sério.

Com apenas 600 habitantes, a escola que Montereau divide com o município vizinho de Cour-Marigny pode fechar as portas por falta de alunos. “Uma ou duas das quatro classes poderá fechar as portas. Os alunos poderão ter que estudar em outras cidades. Gostaríamos que eles ficassem aqui”, disse o prefeito ao canal de TV France 3.

“Foi um jeito que encontrei para falarem da escola”, disse Jean Debouzy. “Todo mundo sabe o que são essas pílulas azuis, não preciso explicar. É preciso um pouco de bom humor às vezes”, explicou.

Proibido ficar doente

Na França, as cidades pequenas sofrem com a falta de serviços e seus prefeitos “usam a imaginação” para chamar a atenção para problemas graves.

O prefeito da cidade de Sainte-Geneviève-des-Bois, André Jean, também decidiu decretar a “proibição de ficar doente” em abril. Ele teve a ideia depois de pegar uma gripe e não conseguir encontrar um médico no município. Com frequência, ele também é parado na rua por moradores que se queixam da falta de atendimento. De acordo com ele, há apenas um clínico-geral na cidade que vai se aposentar dentro de dois anos.

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terça-feira, 14 de maio de 2019

A Lua está a encolher e a ganhar rugas





























A NASA estima que a Lua terá encolhido mais de 50 metros nas últimas centenas de milhões de anos.


A Lua está a encolher à medida que o seu interior arrefece e a ganhar 'rugas', conclui um estudo divulgado pela agência espacial norte-americana NASA.

Tal como uma uva 'enruga' quando se torna numa passa, a Lua fica 'enrugada' quando 'encolhe' à medida que o seu interior arrefece.


A NASA estima que a Lua terá encolhido mais de 50 metros nas últimas centenas de milhões de anos.

Ao contrário, no entanto, da pele da uva, que é flexível, a crosta da superfície da Lua é quebradiça, 'parte-se' quando contrai, formando 'falhas' quando uma secção da crosta é empurrada para uma área limítrofe.

Segundo o coordenador do estudo, Thomas Watters, do Centro de Estudos da Terra e Planetas do Museu Nacional do Ar e do Espaço de Washington, nos Estados Unidos, estas falhas "continuam ativas" e "parecem produzir 'sismos' lunares à medida que a Lua continua gradualmente a arrefecer e a encolher".

"Alguns destes abalos podem ser razoavelmente fortes", admitiu o investigador, citado em comunicado pela NASA.

O estudo, publicado hoje na revista científica Nature Geoscience, analisou dados de quatro sismómetros colocados na Lua por astronautas das missões Apollo, usando um algoritmo desenvolvido para identificar, por estimativa, as localizações dos abalos lunares.

Os cientistas socorreram-se ainda de imagens da sonda norte-americana Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO), lançada em 2009.
Lusa
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Atualize o WhatsApp. Podem invadir-lhe o smartphone com uma ligação!!

O WhatsApp está a dar conta de uma vulnerabilidade presente na sua app de mensagens para Android e iOS que pode ser explorada por um software malicioso do grupo israelita NSO.
© Reuters Basta uma chamada para que seja possível ativar a câmara e o microfone do seu dispositivo, ler os seus e-mails e mensagens e ainda recolham os seus dados de localização.

“O WhatsApp está a encorajar as pessoas a atualizar para a mais recente versão da nossa aplicação, assim como a manterem atualizados os seus sistemas operativos, protegendo-os contra potenciais ataques destinados a comprometer a informação armazenada nos seus dispositivos móveis”, pode ler-se no comunicado do WhatsApp.

Diz o Financial Times (via The Verge) que o software consegue ‘esgueirar-se’ pela app do WhatsApp com apenas uma chamada. Nem tem de atender a chamada para que este software malicioso seja instalado sem deixar rasto. O WhatsApp já afirmou estar a investigar a situação mas, por enquanto, encontra-se a trabalhar com organizações de direitos humanos para partilhar a informação atualmente existente.


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