Várias organizações que representam sobreviventes e descendentes de vítimas do Holocausto condenaram esta semana um vídeo que mostra visitantes a jogar à apanhada nus no interior de uma câmara de gás, no antigo campo de concentração nazi de Stutthof, na Polónia.
“Queremos saber quem deu permissão para gravar, porque é que ninguém protestou contra este vídeo e como foi possível gravá-lo”, disse Efraim Zurof, o diretor do gabinete israelita do Centro Simon Wiesenthal, uma das organizações que assina o protesto, em declarações à agência Efe.
O vídeo foi divulgado em 2015 como parte de uma exposição no Museu de Arte Contemporânea de Cracóvia, apoiada pela embaixada de Israel em Varsóvia, e mostra vários homens e mulheres, nus, a jogar à apanhada no interior de uma câmara de gás. Por trás do vídeo, que recebeu o nome de “Game og Tag”, ou “jogo da apanhada”, esteve o artista polaco Artur Zmijewski.
Contudo, só passados dois anos se descobriu que a gravação tinha sido feita numa câmara de gás verdadeira num antigo campo de concentração nazi, o que motivou os protestos, a que se juntou também a Organização de Sobreviventes do Holocausto.
O museu retirou a gravação da página da Internet, mas tornou a exibi-lo, invocando a liberdade de expressão artística.
Países como a Alemanha ou a Estónia já baniram o vídeo, mas o Governo polaco não tomou qualquer posição sobre o assunto, o que indignou as várias associações de defesa da memória das vítimas do Holocausto.
Cerca de seis milhões de morreram durante o período de governação nazi, em campos de concentração na Alemanha e na Polónia. Só no campo de Stutthof, onde foi feito este vídeo, terão morrido cerca de 65 mil pessoas.
No início deste ano, as organizações que juntam os sobreviventes do Holocausto também se mostraram contra a forma como muitos turistas se fotografam no Memorial aos Judeus Mortos da Europa, em Berlim.
A indignação levaria inclusivamente o ilustrador satírico Shahak Shapira a lançar uma campanha chamada “Yolocaust“, em que sobrepunha muitas das fotografias consideradas “desrespeitosas” feitas por turistas naquele monumento a fotografias reais dos campos de concentração, na altura do Holocausto.
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