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segunda-feira, 23 de março de 2020

Criada em laboratório? As 4 teorias mais populares sobre a Covid-19

O novo coronavírus foi produzido por cientistas em laboratório ou será que veio do espaço? Saiba mais sobre as teorias da conspiração mais populares do momento.
















Desde cobras a morcegos foram vários os animais que integraram a lista de possíveis fontes de origem do vírus Sars-CoV-2, que provocou em todo o mundo a pandemia atual de Covid-19. Igualmente, o mercado da cidade de Wuhan, província de Hubei, na China, foi investigado, embora já seja consenso que este não terá sido o epicentro do novo coronavírus. 

Segundo a revista Galileu e a publicação IFLScience, enquanto os cientistas realizam pesquisas rigorosas com o intuito de apurar a origem do vírus, os fãs das teorias da conspiração têm as suas próprias ideias. Eis as teorias mais populares e bizarras - e sem dúvida alguma falsas.


1. Criado em laboratório

No início deste mês de março, o ex-presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad, publicou na sua conta da rede social Twitter que a Covid-19 não passava de uma arma biológica desenvolvida em laboratório. O homem redigiu inclusive uma carta ao Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, na qual falava das suas ideias e suspeitas. Para Mahmoud Ahmadinejad, o próprio Bill Gates estaria envolvido na "síntese do vírus", o que por sua vez representaria futuros "grandes negócios" para a Fundação Bill e Melinda Gates.



2. SARS-CoV-2 veio do espaço

Segundo a Galileu, o professor Chandra Wickramasinghe, membro do Centro de Astrobiologia de Buckingham, no Reino Unido, declarou que a fonte mais certa do novo coronavírus era um meteorito que caiu no norte da China, em outubro de 2019. Contudo, não foram encontrados quaisquer vestígios da massa espacial no local indicado e, como os epidemiologistas provaram, a Covid-19 compartilha muitas semelhanças com os vírus da SARS e da MERS.


3. Não se trata de um vírus, mas sim de 5G

Sim, leu bem. Muitos internautas acreditam piamente que a Covid-19 não é uma doença viral, mas sim o efeito da implantação do 5G, a mais nova geração de telecomunicação móvel. Entre os conspiracionistas que acreditam nessa teoria está a cantora Keri Hilson, que divulgou tweets e vídeos a explicar porque é que esta hipótese é plausível. 

E como falamos de tecnologia voltamos novamente a Bill Gates... segundo a mesma teoria, o empresário está a criar uma vacina contra a Covid-19 que, não é nada mais do que um chip capaz de monitorizar os "imunizados".


4. Urina de vaca, cocaína e álcool

Na Índia, um grupo de 200 pessoas bebeu urina de vaca numa festa, e pousou para fotografias ao lado de uma caricatura do novo coronavírus. As vacas são consideradas sagradas para o povo hindu e muitos acreditam que a sua urina traz benefícios para a saúde humana. Contudo, (e como provavelmente já imagina) não existem quaisquer evidências científicas que previne ou cure a Covid-19.

Entretanto, a teoria sobre a cocaína começou a propagar-se na Europa através da publicação de um tweet que se tornou viral. As alegações no mínimo bizarras chegaram ao conhecimento do governo francês, que imediatamente esclareceu: "n, a cocaína não protege contra a Covid-19". Adicionalmente, outras teorias apontaram o consumo de bebidas alcóolicas como um método preventivo (e claro está ineficaz) contra o novo coronavírus.

sábado, 14 de março de 2020

Esposas de pastores angolanos da IURD contestam contra prática obrigatória de vasectomia


Luanda, 14 mar 2020 (Lusa) - Dezenas de mulheres e esposas de pastores angolanos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), que dizem ter sido forçados a fazer vasectomia, marcharam hoje contra esta prática e exigiram mudanças na liderança da instituição em Angola.

Numa marcha de um quilómetro, as mulheres percorreram a avenida Ho-chi-min em direção à Praça da Independência, até à catedral do Maculusso, em Luanda, exibindo cartazes onde se podia ler "Não à violação da Constituição da República de Angola, não à evasão de divisas, não à vasectomia, que é um direito constituir família".

Com os panfletos, as manifestantes lembravam aos "senhores bispos e pastores" que "altar é lugar santo", pedindo que "não mintam" no púlpito. O grupo foi obrigado, pela polícia, a parar a cem metros de distância da catedral do Maculusso.

No local, as mulheres gritaram palavras de ordem, leram uma moção de solidariedade às esposas e pastores da IURD, na qual apelaram a todas as organizações de mulheres em Angola, deputadas e organizações nacionais e internacionais que defendem os direitos humanos, em particular o das mulheres, para não ficarem alheios à causa.

"Instamos as instituições de direito, a comunidade internacional, em especial ao nosso Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço, que se faça justiça", refere a moção.

As mulheres referiram ainda que "é consabido que ocorrem no seio das esposas de pastores da IURD constantes violações dos direitos humanos, das convenções internacionais das quais Angola é signatária".

"Por isso manifestamos toda a nossa solidariedade e gritamos não aceitamos a mutilação dos órgãos genitais masculinos, não à vasectomia imposta e não à exterminação da raça humana", exortaram as manifestantes.

Em declarações à agência Lusa, Nádia Monteiro, membro da igreja, disse que os promotores da marcha aproveitaram o facto de março ser o mês da mulher para sensibilizar a sociedade angolana para este problema.

Nádia Monteiro recordou que já existe uma queixa-crime sobre os atos que denunciaram, salientando que "as mulheres dentro da igreja têm sofrido muitos maus tratos, são oprimidas, muitas delas por causa da opressão chegam até a fazer o aborto, sendo que é obrigatório a vasectomia" para os pastores.

"Na igreja é obrigatório para os homens, anulando assim o sonho da mulher de ser mãe", disse.

O procedimento cirúrgico "não é um problema, porque é um método anticoncetivo, mas o casal, a pessoa em causa, tem que fazer de livre e espontânea vontade". Mas, a "igreja não aceita, a igreja impõe que seja feita".

Segundo Nádia Monteiro, porque um grupo de pastores e membros da igreja se opuseram à estas práticas estão a sofrer represálias, nomeadamente despejos das habitações, retirada da ajuda de custo, entre outras.

"A igreja despejou vários pastores da casa, os pastores estão sem casa, os filhos deixaram de estudar, porque a igreja deixou de apoiar", frisou, lamentando que a liderança brasileira desde o início deste diferendo nunca veio a público rebater as acusações, limitando a emitir comunicados.

Por sua vez, Odete Carla considerou que "não é justo o que os brasileiros estão a fazer ao angolano".

De acordo com Odete Carla, da catedral do Morro Bento, o número de pastores que foram sujeitos a vasectomia é elevado, na ordem das três centenas.

Apesar disso, Odete Carla promete continuar a ser fiel na igreja, exigindo somente que existam reformas naquela confissão evangélica. 

"O que está a acontecer no país não é justo, não aceitamos isso, nós queremos a liderança brasileira fora, queremos a liderança angolana, porque na IURD é um negócio que existe, envelope atrás de envelopes. Chega de começar a explorar o povo angolano, chega de muita gatunice dentro da igreja", afirmou.

Já Jorge Francisco, que é membro da IURD desde que foi legalizada em Angola, contou que há relatos comprovados de que mulheres de pastores são impedidas de ter gravidez saudável e, em alguns casos, a gestação tem sido interrompida, por pressão psicológica.

Instado a comentar o motivo que leva os pastores a aceitarem submeter-se ao procedimento de vasectomia, Jorge Francisco explicou que existe uma doutrina e todo um preparo antes de se tornar pastor, que leva a esta situação.

"Antes de pastor começa por ser um candidato a obreiro, depois torna-se obreiro e quando torna-se pastor, não passa ainda pela vasectomia, só quando se tornar num pastor consagrado, em que a pressão e a responsabilidade são maiores, e todo aquele percurso já foi feito, mormente o trabalho psicológico, obviamente que ali há quase uma imposição, uma obrigação moral de ele aceitar a vasectomia", indicou.

Jorge Francisco disse que o objetivo não é criar uma nova universal, mas "banir-se todas as práticas nocivas que têm tido lugar na IURD em Angola".

"Desde o primeiro momento o objetivo foi que se parasse e se fizesse uma reforma na igreja sem criar uma universal renovada, reformar-se as práticas nocivas na igreja, mormente a vasectomia, a evasão de divisas, que é o caso mais grave, e também outro caso grave que é a venda do património da igreja", disse.

As divergências vêm desde novembro do ano passado, quando um grupo de bispos e pastores da IURD anunciaram o rompimento total com a liderança brasileira, guiada por Edir Macedo.

Num comunicado, subscrito por mais de 300 bispos e pastores angolanos, foram denunciadas as práticas obrigatórias de esterilização masculina, de evasão de divisas para o exterior do país e venda do património da igreja.

Face às denúncias, a Procuradoria-Geral da República de Angola abriu um processo-crime que se encontra ainda em fase de investigação.

No Brasil, existem 150 ações contra a prática de vasectomia por parte da IURD. 

A instituição tem sempre recusado estar a impor essa prática aos seus pastores. 

NME // PJA

Lusa/Fim


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