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quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Facebook vai pagar 500 ME por usar dados sem permissão para reconhecimento facial




























As multas que a empresa teve de pagar ao longo do ano de 2019 tiverem impacto na receita.


O Facebook anunciou que fez um acordo extrajudicial com um grupo de queixosos de Illinois, EUA, a quem pagará 550 milhões dólares (500 milhões de euros) pelo uso de dados biométricos sem permissão para sistemas de reconhecimento facial.
Logo após apresentar os resultados financeiros de 2019, a empresa norte-americana de Mark Zuckerberg anunciou na quarta-feira a assinatura do acordo, que encerra uma disputa judicial de quase cinco anos e agora deve ser apresentada pelas partes perante o juiz.
A ação coletiva argumentava que a empresa não podia compilar dados biométricos dos utilizadores (como impressões digitais, voz, expressão facial) sem o seu consentimento expresso.
O Facebook teria violado a lei ao usar as fotografias que os internautas publicaram na rede social para ensinar sistemas de inteligência artificial, que mais tarde foram capazes de reconhecer pessoas específicas em novas imagens e sugerir ao utilizador o nome dos indivíduos identificados.
Embora a empresa sediada em Menlo Park, Califórnia, continue a oferecer esse sistema de etiquetagem automática, desde 2015 mudou a sua operação para facilitar a desativação deste serviço e, assim, evitar novas ações coletivas, como a de Illinois.
O Facebook anunciou na quarta-feira que fechou o ano de 2019 com lucros de 18.485 milhões de dólares (cerca de 16.795 milhões de euros), uma descida de 16% face a 2019.
Em termos de receitas, a empresa que gere a rede social mais usada do mundo atingiu os 69.655 milhões de dólares (cerca de 63.278 milhões de euros) em 2019, um aumento de 27% face aos 55.013 milhões de dólares (cerca de 49.976 milhões de euros) faturados no final de 2018.
Desta forma, os resultados finais em termos de lucro foram impactados pelas multas a que a empresa liderada por Mark Zuckerberg teve de enfrentar ao longo do ano, bem como pelo aumento das provisões fiscais.
Em termos do último trimestre de 2019, o Facebook (que para além da rede social homónima é dono do Instagram e do WhatsApp) subiu os lucros em 7% para os 7.349 milhões de dólares (cerca de 6.675 milhões de euros), depois de 6.882 milhões de dólares (cerca de 6.251 milhões de euros) nos últimos três meses de 2018.
Em termos de utilizadores diários ativos, o aumento registado em 2019 foi de 9%, atingindo os 1.660 milhões, ao passo que os utilizadores mensais cresceram até aos 2.500 milhões.


sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Cientistas 'ressuscitam' voz de múmia egípcia com 3 mil anos

Depois de fazerem uma tomografia aos restos mortais, uma impressora 3D conseguiu imprimir uma réplica do trato vocal.


É a verdadeira voz do além. Os cientistas conseguiram 'ressuscitar' a voz da múmia de um padre egípcio com 3 mil anos ao recriarem o seu trato vocal com recurso a uma impressora 3D.

Nesyamun, era um padre e escrivão durante o reinado do faraó Ramses XI (1009-1069 a.C) e ao morrer tinha inscrito no seu caixão: "A verdadeira voz", por considerar que era vital para desempenhar as suas funções no templo de Karnac, em Luxor, e por ter expressado por várias vezes o desejo de ainda ser ouvido na vida após a morte, conta a Sky News.



Agora, uma equipa de cientistas da Universidade de Londres, da Universidade de York e do Museu de Leeds conseguiu tornar isso realidade ao submeter os restos mortais a uma tomografia para tirar medidas precisas e reproduzir o trato vocal do padre com recurso a uma impressora 3D. 

Com o trato vocal impresso e uma laringe eletrónica, os investigadores dão conta, num artigo publicado na revista Nature, de terem conseguido reproduzir um som, o som de uma vogal, entre 'bed' e 'bad'.

No entanto, o tom de voz é provável que não reflita com precisão o de Nesyamun, devido à perda de massa da língua ao longo de três milénios, explicam ainda. A habilidade do sistema reproduzir frases completas "é algo que está a ser trabalhado" e que "será possível um dia, referiu David M. Howard, um dos autores do estudo.

No entanto, Rudolf Hagen, um médico alemão especialista em otorrinolaringologia, expressou o seu ceticismo. Apesar de não ter estado envolvido no estudo, disse que até a medicina mais moderna tem dificuldades em dar às pessoas sem tórax uma voz "normal".

Mas para o coautor, John Schofield, um arqueólogo da Universidade de York, a técnica pode ser utilizada para ajudar a interpretar heranças históricas. "Não há nada mais pessoal do que a voz de alguém, por isso consideramos que ouvir uma voz de há tanto tempo pode ser uma experiência inesquecível e fazer os locais como Karnac, o templo de Nesyamun, ganharem vida", vincou.

Oiça abaixo:



terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Homem desaparecido há quase 50 anos foi encontrado graças a vídeo viral no Facebook

"Quando viu os primos mais velhos soube imediatamente que éramos nós. Chorava como um bebé".























Um homem de 70 anos, natural do Bangladesh, procurado pela família há quase meio século, foi encontrado graças a um vídeo viral numa rede social em que pede ajuda para um tratamento médico.

Habibur Rahman tinha 30 anos e era empresário, pai de quatro filhos, na cidade de Sylhet (nordeste), quando desapareceu em 1972, após uma viagem de negócios à cidade portuária de Chittagong, explicou hoje a sua família.

Os seus familiares próximos, a maioria a viver no estrangeiro, procuraram por Rahman durante anos, mas sem sucesso.

Até que a mulher de um dos seus netos, que vive nos Estados Unidos, viu Rahman num vídeo publicado este mês no Facebook.

"Ela alertou-nos e corremos para o hospital e descobrimos que o meu avô está vivo", contou à agência de notícias France-Presse (AFP), Kefayat Hussain, um dos 13 netos do homem desaparecido, que vive atualmente em Sylhet.

O jovem de 20 anos disse que Habibur Rahman confirmou os nomes da sua mulher, que morreu em 2000, e de outros membros da família.

Segundo um funcionário que cuida de Rahman há cinco anos, o homem tornou-se um asceta que vivia nos santuário sufista no distrito de Moulvibazar, ao sul de Sylhet.

Habibur Rahman foi internado no hospital Sylhet no início deste mês depois de partir o braço.

Incapaz de financiar a sua operação, pediu a outro paciente para gravar um vídeo e publicá-lo no Facebook para tentar angariar fundos.

O vídeo foi partilhado e republicado por outros utilizadores da Internet tendo sido visualizado pelo menos um milhão de vezes.

"Ele não nos reconheceu inicialmente, mas quando viu os primos mais velhos soube imediatamente que éramos nós. Chorava como um bebé", afirmou Kefayat Hussain à AFP.

A família de Habibur Rahman indicou que ignora as razões do seu desaparecimento e que apenas estão entusiasmados por o terem descoberto ainda vivo.


Fonte: https://www.msn.com/pt-pt/noticias/sociedade/homem-desaparecido-h%c3%a1-quase-50-anos-foi-encontrado-gra%c3%a7as-a-v%c3%addeo-viral-no-facebook/ar-BBZ9upG


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quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Traficantes escondem cocaína no mato e porcos selvagens comem tudo!!






















Redação Bem Paraná, com agências


Um grupo de traficantes se deu mal na tentativa de escapar da polícia. Eles haviam escondido o equivalente a 300 gramas de cocaína em um matagal. Contudo, a droga foi comida totalmente por um grupo de porcos selvagens. As informações são do 'Daily Mail'.

A ocorrência foi em uma floresta na província de Arezzo, no norte da Itália, na última quinta-feira (14). A polícia local descobriu tudo porque investigava os traficantes e ouviram um deles reclamar sobre o prejuízo causado pelos porcos selvagens. Pelo valor do grama de cocaína na Europa (1 grama custa 75 euros), o prejuízo foi de 22 mil euros (R$ 92 mil).

Os traficantes, três albaneses e um italiano, foram presos. A polícia não informou o que aconteceu com os porcos.




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terça-feira, 29 de outubro de 2019

Bolsonaro pede desculpa após comparar Supremo Tribunal Federal com hiena

Comparação feita nas redes sociais do Presidente do Brasil.


























O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, pediu hoje desculpas depois de publicar nas suas redes sociais um vídeo em que o Supremo Tribunal Federal (STF), a máxima instância judicial no Brasil, era representado como uma hiena que o atacava.
O vídeo foi publicado e apagado da conta do Presidente brasileiro na segunda-feira e, ao ser questionado sobre o assunto durante uma visita oficial à Arábia Saudita, primeiro Jair Bolsonaro encerrou uma conferência de imprensa, mas depois disse que pediria desculpas em declarações exclusivas ao jornal brasileiro O Estado de S.Paulo.
"Me desculpo publicamente ao STF, a quem por ventura ficou ofendido. Foi uma injustiça, sim, corrigimos e vamos publicar uma matéria que leva para esse lado das desculpas. Erramos e haverá retratação", afirmou o Presidente brasileiro.


Jair Bolsonaro foi questionado sobre um vídeo publicado na sua conta da rede social Twitter, onde aparecia representado por um leão a ser atacado por hienas, que seriam seus adversários políticos, os 'media' e instituições como o STF, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e até a Organização das Nações Unidas (ONU).
No vídeo, o leão Bolsonaro é salvo por outro leão que representaria os eleitores conservadores que o apoiam.
"Vamos apoiar nosso Presidente até o fim e não o atacar. A oposição já faz isso", dizia a mensagem divulgada no final do vídeo.


A publicação motivou uma tomada de posição do decano (juiz mais antigo) do STF, Celso de Mello, que enviou uma resposta aos meios de comunicação brasileiros afirmando que a publicação de Jair Bolsonaro tornava "evidente que o atrevimento presidencial parece não encontrar limites na compostura que um chefe de Estado deve demonstrar no exercício de suas altas funções".
"O vídeo que equipara, ofensivamente, o Supremo Tribunal Federal a uma 'hiena' culmina, de modo absurdo e grosseiro, por falsamente identificar a Suprema Corte como um de seus opositores", acrescentou.


O Presidente brasileiro realiza uma ronda diplomática que incluiu viagens ao Japão, China e aos Emirados Árabes, com o objetivo principal de aprofundar os laços do Brasil com agentes comerciais da Ásia e do Oriente Médio.
Lusa


quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Bolsonaro rompe com o próprio partido

09.10.2019

























O líder do Partido Social Liberal (PSL), formação política que em 2018 levou ao poder o atual chefe de Estado, Jair Bolsonaro, afirmou hoje que o Presidente brasileiro "já está afastado" da formação política, numa aparente rutura entre ambos.
Na terça-feira, Bolsonaro orientou um seu apoiante a esquecer o PSL, partido de que é militante, acrescentando que o presidente daquela formação política, Luciano Bivar, está "queimado".
A situação ocorreu na saída do Palácio da Alvorada, em Brasília, e ficou registada em vídeo.Após a polémica, Bivar declarou ao portal de notícias G1 que Bolsonaro "já está afastado" e "esquecido" do partido.

"A fala dele (Bolsonaro) foi terminal, ele já está afastado. Ele não disse para esquecer o partido? Está esquecido", frisou o presidente do PSL, acrescentando que só quer "paz".

"O que pretendemos é viabilizar o país. Não vai alterar nada se Bolsonaro sair, continuaremos a apoiar medidas fundamentais. A declaração de ontem foi terminal, ele disse que está afastado. (...) Ele pode levar tudo do partido, só não pode levar a dignidade, o sentimento liberal que temos e o compromisso com o combate à corrupção", concluiu Bivar em declarações ao G1.


Com uma crise a afetar o partido, o PSL convocou uma reunião de cariz urgente para a noite de terça-feira, com deputados e senadores, para avaliarem o eventual desgaste, segundo a imprensa local.
O PSL está também envolvido com problemas na justiça. O Ministério Público (MP) Eleitoral do estado brasileiro de Minas Gerais acusou na semana passada o atual ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, de desvios de recursos do fundo eleitoral de 2018, do Partido Social Liberal (PSL).
Além do ministro do Turismo, outras 10 pessoas foram acusadas dos crimes de falsidade ideológica, apropriação indevida eleitoral e associação criminosa.

"Após cerca de oito meses de investigação, o Ministério Público Eleitoral acusou (...) 11 pessoas por envolvimento num esquema de desvio de recursos por meio de "candidaturas fantasma" nas últimas eleições", segundo o procurador de Justiça Eleitoral Fernando Abreu, citado no 'site' do MP.


De acordo com o procurador, "com o intuito de fraudar a legislação eleitoral, mulheres receberam propostas para se candidatarem e, durante a campanha, promoverem o pagamento de despesas eleitorais de outros candidatos, como forma de burlar a transferência de recursos do fundo eleitoral e beneficiar outras candidaturas, assim como a legislação eleitoral que assegura pelo menos 30% de candidaturas femininas nas eleições".
Segundo a denúncia, as candidatas receberam cerca de 260 mil reais (cerca de 58 mil euros), dos quais mais de 190 mil reais (43 mil euros) foram transferidos para outras candidaturas.Todos os acusados estão ligados ao PSL.
O caso veio a público no final do ano passado, por suspeitas de que Marcelo Antônio tenha promovido o uso de "candidatos fantasmas" no estado de Minas Gerais, a fim de aumentar as verbas que o partido de Bolsonaro recebia do chamado "fundo do partido", constituído por dinheiro público e destinado a financiar campanhas políticas.
Contudo, segundo o jornal Folha de São Paulo, também a campanha eleitoral de Jair Bolsonaro saiu beneficiada com esse desvio de verbas.
As supostas irregularidades nas campanhas dos candidatos ao PSL não afetaram diretamente o chefe de Estado até ao momento, mas levaram à demissão, em fevereiro passado, do então ministro da Secretaria Geral do Governo, Gustavo Bebianno, que presidiu o PSL no ano passado, em plena campanha eleitoral.
Lusa




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sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Quando o sonho de imigrar para Portugal vira pesadelo


No seu mais recente disco, Bandeira da Fé, Martinho da Vila gravou uma música em homenagem aos novos imigrantes brasileiros em Portugal. Em Fado das Perguntas, o sambista conta a história de um sujeito que disfarça o sofrimento com as baixas temperaturas do inverno e com a solidão dentro de uma tasca. “Tudo bom, nada mal”, diz a letra.

Na realidade de parte dos mais de 100 000 brasileiros que hoje vivem do outro lado do Atlântico, não está nada bom. Em vez de pastel de bacalhau, queijo da Serra ou amêijoas, o que essas pessoas andam experimentando no país-­irmão é o gosto da desilusão. A gerente comercial Marina Lamar, de 28 anos, integra esse grupo. “Mudamos para tentar melhorar de vida”, conta ela, que chegou a Lisboa em setembro de 2018, com o marido, os filhos de 1 e 9 anos e grávida do terceiro. “Hoje vivemos pior que no Brasil.”

A família de Marina tinha uma rotina simples em Vitória, no Espírito Santo, mas conseguia viajar (“parcelando mil vezes no boleto”), ter carro, animais de estimação, vida social. A decisão de deixar o Brasil foi motivada pelo medo da violência e pelo desejo de proporcionar um ensino gratuito de qualidade aos filhos. Após um tempo vivendo na casa de amigos, o casal resolveu batalhar por um endereço só da família.

Como o preço dos aluguéis na capital é muito alto (não se consegue nada por menos de 4 600 reais nos melhores bairros), os dois começaram a procurar lugares mais afastados. Depois de morarem em um quarto de hostel e em uma quitinete infestada de percevejos, conseguiram alugar um apartamento de dois quartos numa cidade a 20 quilômetros do bairro de Lisboa onde o marido trabalha como garçom.

“Passados seis meses, a senhoria pediu o imóvel. Fiquei sem chão”, lembra Marina, que hoje mora de favor no apartamento de uma amiga, enquanto espera sair o passaporte do filho que nasceu em Portugal para retornar a Vitória. “Chegamos ao limite”, desabafa. Para cruzar o Atlântico de volta, Marina conta com a ajuda de parentes do casal que estão se cotizando para pagar as cinco passagens de avião.
© Daryan Dornelles/. NO PREJUÍZO – Nathalia: dificuldades para pagar o aluguel da loja no Porto








A onda de desencanto representa a ressaca pós-inundação migratória. Depois do êxodo em direção a Miami a partir dos anos 90, Portugal virou o eldorado para muitos que buscam uma fuga de problemas como a violência e o desemprego. Em 2018, a comunidade de brasileiros no país europeu chegou ao número de 105 000, 23,4% superior ao total registrado em 2017.

Novamente, o Brasil liderou o número de títulos de residência emitidos, 28 210, e representa o país natal de 21% dos imigrantes que vivem por lá. Para os mais endinheirados, o governo local oferece vantagens até mesmo para conseguir a nacionalidade, e o mercado imobiliário constrói condomínios sob medida, com casas a partir de 2 milhões de reais e adaptações como cômodos para empregadas, espaços que não existem nas residências das famílias portuguesas.

Para quem não tem o mesmo colchão financeiro e arrisca tudo na mudança, há o grande perigo de trombar com a barreira da tímida economia portuguesa. O PIB, equivalente a 900 bilhões de reais, é menos que a metade da economia do Estado de São Paulo (2,2 trilhões) e deve crescer 1,9% em 2019, segundo estimativas oficiais. “Nem sempre o processo migratório é bem-sucedido, às vezes por falta de informação antes da viagem, expectativas não condizentes com a realidade ou dificuldades de integração”, afirma Luís Carrasquinho, responsável em Portugal pelo Programa de Apoio ao Retorno Voluntário e à Reintegração (ARVoRe).

A iniciativa não só banca a volta de expatriados sem condições de arcar com o custo das passagens como dá um incentivo financeiro para a reintegração no mercado de trabalho do país de origem. Desde 2007, o Brasil é a na­ciona­lidade mais representativa no ARVoRe — e, nos últimos anos, o número de pedidos de ajuda de brasileiros vem aumentando. Em 2017 foram 335 solicitações e em 2018 elas chegaram a 616. Em 2019, até agosto, o ARVoRe já havia recebido 418 candidaturas.
© Daryan Dornelles/. CONSELHEIRO – Marinho: consultoria para quem quer empreender no país








A goiana Claudine Alves, de 40 anos, foi uma das pessoas que se beneficiaram do programa. Ela desembarcou em Lisboa em dezembro de 2017 com os dois filhos, então com 7 e 16 anos, para encontrar o marido, que vinha de Londres. Claudine vendeu o carro e os móveis antes de sair do Brasil e levou as economias para ajudar no recomeço. Na chegada, o primeiro choque foi térmico. Dos 39 graus de Goiânia, eles foram para 4 graus.

O marido, que havia conseguido emprego na construção civil, acabou sendo dispensado com a diminuição de obras no inverno. Enquanto o casal penava para encontrar trabalho, as economias trazidas do Brasil eram queimadas no aluguel e nas despesas da casa. Nas vésperas do Natal, os dois deram duro numa confeitaria fazendo bolo-­rei, doce típico das festas de fim de ano portuguesas. Na hora do pagamento, tomaram um calote. “Uma brasileira que contratava os funcionários sabia que não tínhamos documentos e disse: ‘Não vou pagar nada, não. Se quiserem, reclamem na polícia’.” Nos meses seguintes, Claudine conseguiu bicos num café e numa empresa de limpeza. Mas o que ganhava era muito abaixo das despesas.

“Em cinco meses, a gente se viu numa situação desesperadora, à beira do despejo, com a proprietária dizendo que ia arrombar a porta e nos expulsar. Era muita humilhação”, conta. A família acabou salva pelo ARVoRe. Um mês depois de se candidatar ao programa, estava voltando para casa.

Embora tenha uma taxa de desemprego baixa (6,7%) em comparação com a trágica realidade brasileira (12,5%), Portugal está longe de ser um oásis para quem procura trabalho — e os estrangeiros sofrem mais ainda com essa dificuldade. A relações-­públicas carioca Ana Duarte, de 43 anos, chegou a Lisboa em 2016 e guarda no notebook os mais de 300 e-mails que enviou com seu currículo desde então. Apenas sete empresas retornaram, das quais só uma era em sua área de atuação — e ela não ficou com a vaga.

“Quando terminar meu mestrado, vou tentar uma bolsa em outro país europeu”, conta. Na falta de encontrar um emprego qualificado, a administradora Nathalia de Lima, de 32 anos, investiu cerca de 50 000 reais para montar com o marido, engenheiro de produção, uma loja de frutos secos caramelizados e doces em uma das estações de metrô mais movimentadas da cidade do Porto. As vendas iam bem, porém não o suficiente para pagar o caro aluguel do imóvel. “Tentamos negociar o valor da locação, mas o administrador foi irredutível”, diz Nathalia, que atualmente tenta recuperar o investimento vendendo o estoque pela internet.

No momento, há vagas sobrando para setores específicos, como o de tecnologia de informação. Portugal criou um visto especial para atrair talentos da área das mais diferentes partes do mundo. Neste ano, até julho, 284 brasileiros obtiveram o documento, de um total de 338 autorizações. Muitos que têm qualificação acabam trabalhando no país como motorista de Uber ou motoboy para sobreviver.

© Cristiano Mariz/. DE VOLTA – A goiana Claudine com a família: retorno ao Brasil depois de calote no trabalho e ameaça de despejo

















Em busca de uma saída, alguns brasileiros começaram a ganhar dinheiro oferecendo serviços à grande comunidade de conterrâneos expatriados, como o de bufê de festa infantil caprichada, um negócio estranho às famílias portuguesas. O empresário paulista Marinho Ponci, de 52 anos, por sua vez, criou uma consultoria no Porto para brasileiros interessados em montar negócios por lá. Para quem pensa em empreender, ele dá duas dicas: paciência e reserva financeira de pelo menos dois anos. “O primeiro ano é terrível; no segundo, entende-se o mercado; e no terceiro o negócio pode deslanchar”, afirma. Para quem desembarca com urgência em ganhar a vida em euros, alerta o consultor, é grande o risco de o sonho português virar um pesadelo.



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