Caracas, 20 jan (Lusa) - A Associação Venezuelana de Professores de Língua Portuguesa (AVELP) vai assinalar os 600 anos do descobrimento da Madeira, condecorando madeirenses que estão há décadas no país e que tenham contribuído para o desenvolvimento local daquele arquipélago.
"Vamos fazer uma homenagem digna aos madeirenses, que são os que realmente hoje continuam aqui", disse à Lusa o presidente da AVELP, David Pinho, a propósito dos 600 anos do descobrimento da Madeira, a 01 de julho.
"Encomendámos aos alunos a tarefa de investigar histórias de vida e o contributo que deram ao desenvolvimento tanto da Venezuela como de Portugal. Vamos dedicar-nos principalmente aos madeirenses que chegaram na época da ditadura" em Portugal, relatou.
A intenção é condecorar "os mais velhos, mas sobretudo os que chegaram nos anos 1950 e 1960", na cerimónia, que decorrerá no Centro Portugês.
"Em Vargas [norte de Caracas], há uma grande quantidade de madeirenses na venda de peixe e também na agricultura. Em Santo António de Los Altos, no estado de Miranda [sul de Caracas], também temos vários casos na agricultura e inclusive já temos algumas histórias de vida", frisou.
Aos quase 3.000 alunos de português foi atribuída a tarefa de investigar a história dos madeirenses e, durante vários meses, os estudantes "vão trabalhar com eles", explicou o professor.
"Temos casos muito específicos, muito particulares, de madeirenses que progrediram muito aqui na Venezuela e que hoje em dia, por diversas razões, não regressam a Portugal. Pelos filhos, pela questão climática, ficaram neste país e desenvolveram muito este território", disse.
David Pinho insistiu que, atualmente, "são os madeirenses que realmente continuam nesta terra", porque "os continentais, depois dos anos 1983 e 1987, devido à queda do dólar, foram-se embora".
"Temos uma população de muitos madeirenses que agora começou a interessar-se com a [aprendizagem da] língua, tal como os lusodescendentes, filhos de madeirenses", disse.
O presidente da AVELP disse ainda estar "preocupado com o grande problema económico" que a Venezuela atravessa atualmente e relatou que as escolas são forçadas a cobrar uma mensalidade muito barata, porque caso contrário os alunos desistem.
Além disso, lamentou: "Não temos uma ajuda do Estado" português.
"O professor é muito mal pago aqui na Venezuela, uma hora está entre cem e duzentos bolívares soberanos [entre 0,087 euros e 0,17 euros à taxa de câmbio oficial de hoje]. Não é valor digno para trabalhar", afirmou.
Segundo David Pinho, a associação está a discutir esta realidade com associações portuguesas na Venezuela.
"Queremos que os professores sejam compensados, porque há poucos professores e temos que os aproveitar e pagar-lhes como deve ser", referiu.
A AVELP foi fundada há três anos e tem 140 professores filiados.
FPG // JH
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